sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Liberdade


Ofélia dançava. Dançava apesar de ser completamente desengonçada. Dançava na calçada molhada de chuva, diante dos transeuntes. Seus pés relavam no chão e a todo tempo, ela sentia que ia cair. Mas não se importaria com um tombo, não se importaria com nada. Ela estava livre.
Perdida, mas livre.
Podia seguir, sapateando (mal) sobre as poças qualquer caminho.
Tinha tantos! E cada caminho abria outros.
Sabia que poderia resgatar pessoas do passado, se elas quisessem tomar sua mão. Ela tentaria de novo. Afinal, por que não? Se a fazia feliz.
Lembrou-se, ao afundar o pé em uma poça e sentir a água encharcar sua meia, de Will. Das mãos dele ao redor de sua cintura, da água da chuva escorrendo por seu cabelo e do beijo. Foi legal. Foi bonito.
Mas só. Talvez fosse melhor seguir por um caminho totalmente diferente. Talvez fosse melhor se infiltrar num universo totalmente novo. Ele viria? Ela queria ser capaz de entrar nessa dimensão como se fosse um espelho, atravessando-o como se fosse apenas água.

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