sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Cigarros e uísque.

Ofélia o encarava através da fumaça do cigarro dele.
Ele entortou a boca, sabia que ela era uma ativista anti-nicotina (apesar de toda a hipocrisia, já que de vez em nunca ela fumava um narguile, entre os amigos).
Ele então enfiou o cigarro no cinzeiro:
-Feliz?
-Muito.
Ele sorriu, estendeu a mão. Ela deveria pegá-la? Se a pegasse, fecharia de vez o tal triângulo amoroso. Não pegou:
-Willian... Você quer alguma coisa comigo?
Ele retirou a mão. Tomou um gole do uísque:
-Eu gosto de você.
Ofélia sorriu singelamente:
-Eu também gosto de você.
-Não. Eu GOSTO de você, Ofélia.
Os olhos dela se perderam, olhavam de um lado para o outro, aflitos. Era óbvio, ela quem estava com medo de enxergar.
-Will... Não dá. Não dá mesmo.
Os olhos dele se tornaram vermelhos:
-Por causa dela, não é?
-Eu nunca poderia traí-la dessa maneira.
Ofélia então tocou o rosto dele, afagou os seus cabelos. Ele tentou se esconder atrás das próprias mãos, mas ela as tomou. Ele se desculpava compulsivamente. Tomou mais uísque.
Então, estendeu a mão, dessa vez, ela a pegou.

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