domingo, 15 de fevereiro de 2009

A Festa e a mediocridade juvenil.


Festa. Adolescentes medíocres pulando ao som de algo que insistem em chamar de música. Ofélia estava encostada num pilar. Pensando que devia ter enchido a cara, só assim pra suportar um lugar daqueles. Ana voltou, mais bêbada ainda. Colocou, as mãos na cintura de Ofélia. Disse o quanto a amava, virou de costas pra ela e dançou, mas ainda segurando a sua cintura. Ana sabia que estava provocando-a. Seu vestido era curto, deixando as pernas bem brancas à mostra. Ela beijou Ofélia, no pescoço, bem sob a orelha. Por que Ana fazia isso? Sempre tagarelava sobre como queria todos os rapazes, e apenas os rapazes. Puxou Ofélia pelas mãos:
'Veeeem dançar comigo'
Abraçou ela pela cintura e ria, ao puxa-la pelo cabelo. Ofélia tentava se manter racional. Olhava pra menina com um misto de desejo e desprezo. Dizia 'não' quando Ana a puxava e dava beijos, bem perto da boca. Sua vontade era de empurra-la e encostá-la no pilar, beijá-la loucamente, sem se importar com as centenas de jovens conhecidos e homofóbicos à sua volta. Mas se manteve, altiva; puxou Ana pela mão e a fez sentar. O desejo passou. No lugar dele, ficou apenas o pensamento:
'Como essas pessoas conseguem ser tão felizes. E de uma maneira tão medíocre? Eu não pertenço a lugares assim, não penso dessa maneira. Qual o meu problema?!'
Saiu da festa. Ficou na calçada, debaixo de uma chuva leve e gelada. Viu, debaixo de um toldo uma mulher acendendo um cigarro. Pensou no Will. Ele havia largado o cigarro. Pensou em ir falar com ela e tentar convencê-la que aquilo ainda a mataria. Mas quem se importa? Estamos morrendo o tempo todo.
Pensou no Will de novo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Estamos morrendo o tempo todo, e cada dia mais do que no dia anterior. É por isso que devemos nos entregar um pouco aos nossos desejos. Pensar, claro, mas não pensar muito, porque pensar muito atrapalha e te faz perder chances. principalmente quando se gosta de alguém e se espera garantias. não é o seu caso, claro, mas também acontece. E quem vai estar lá amanhã pra te culpar pelo que fez? Quem vai estar vivo pra dizer que te viu se entregar aos seus desejos? Quem vai te negar algo tão humano? Se você não fizer, é você quem vai estar lá amanhã, morrendo e lembrando do tempo "perdido". O tempo nunca é perdido mas poderia ser melhor aproveitado. Te amo.